segunda-feira, 4 de maio de 2009

Eu e os Sinos Roxos

O velho portão estava coberto de heras. Um dia em algum lugar li que aquelas flores roxas, parecendo sinos, eram as preferidas da rainha Elizabeth. Aqui deveriam estar as primas pobres, pois a ninguém chamavam atenção.Não que fossem feias...de um roxo vivo. mesclado ao lilás suave, desprovidas de perfume e de uma fragilidade quase irritante.
Não permitiam o toque humano. Talvez houvesse nelas sapiência.
Abrir o portão implicava em desorganizar a bela construção que, natureza-tempo havia ali construído. Não me senti com tanto poder.
Fiquei ali não sei quanto tempo. O objetivo era entrar e fotografar a velha casa em estilo gótico, perfeita para uma tela. Indiferentes a minha indecisão, os sinos roxos permaneciam imóveis. Fotografei-os e estagnei a imagem na câmera digital. Era um belo espetáculo. Belo o suficiente para mudar meus planos. Continuei a fotografar, agora detalhes, para captar nuances de cores e formas. Nesse momento um raio de luz, espalhou-se sobre elas. Por entre os ramos, o sol achou um pequeno espaço e cobriu de brilho as cores. Onde acharia eu cores para captar tanta magia?
Quantos mundos dentro de nosso mundo. Quantos pequenos espaços de vida. Lá estava eu, encantada com meu reino encantado recém descoberto.
Já não me doía mais a memória perdida. Havia novas descobertas. Seria como um parágrafo novo. O velho portão coberto de sinos roxos.
Sai de lá...sorriso aberto. Plantaria sinos roxos em mim.

Um comentário:

Quasímodo disse...

Se existem sinos, Quasímodos os orbitam.

Como as borboletas ao redor de uma fonte de luz.

Se existe poesia numa poeira estelar, poetas seguem o rastro, na esperança de alcançar, um dia, o coração do cometa.

Grande abraço, amiga.