Era um banco velho e o tempo lhe havia gasto as formas. Estava lá desde que a praça havia sido inaugurada. Cansado. Nem lembrava mais de quantas historias já vivenciara. Quantas vezes se apaixonara. Quantas desilusões partilhara. O quanto de vida tivera. Quantas vezes se dilatara com os raios quentes do sol, absorvera gotas de suor de corpos cansados. Sentira até o gosto de sorvete, esparramado por crianças espevitadas. Voltava então a se sentir jovem. Outras tantas se contraíra sob a geada do inverno. E se aconchegava sob jornais e algum corpo magro e tremulante. Tivera sobre si pássaros, que anunciavam o novo dia, algum vira lata que o infestava de urina fétida, mesmo assim se sentia útil.
Era apenas um banco velho. Dividi com ele a minha inércia. Perguntei a ele os meus por quês. Choramos juntos.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
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