quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Queria poder fazer mais...
Era um banco velho e o tempo lhe havia gasto as formas. Estava lá desde que a praça havia sido inaugurada. Cansado. Nem lembrava mais de quantas historias já vivenciara. Quantas vezes se apaixonara. Quantas desilusões partilhara. O quanto de vida tivera. Quantas vezes se dilatara com os raios quentes do sol, absorvera gotas de suor de corpos cansados. Sentira até o gosto de sorvete, esparramado por crianças espevitadas. Voltava então a se sentir jovem. Outras tantas se contraíra sob a geada do inverno. E se aconchegava sob jornais e algum corpo magro e tremulante. Tivera sobre si pássaros, que anunciavam o novo dia, algum vira lata que o infestava de urina fétida, mesmo assim se sentia útil.
Era apenas um banco velho. Dividi com ele a minha inércia. Perguntei a ele os meus por quês. Choramos juntos.
Era apenas um banco velho. Dividi com ele a minha inércia. Perguntei a ele os meus por quês. Choramos juntos.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Vergonha...
Moro num país lindo, colorido e corrupto. Um país onde os valores se inverteram. Onde estão os homens corajosos que empunhavam espadas, honra e defendiam essa terra? Perderam-se no ostracismo. No comodismo. Na falta de perspectiva.
Moro num país de mil paisagens, de raças múltiplas, variadas culturas e sem educação. Moro num Brasil...sem brasilidade. Disso tenho vergonha!
Moro num país de mil paisagens, de raças múltiplas, variadas culturas e sem educação. Moro num Brasil...sem brasilidade. Disso tenho vergonha!
sábado, 17 de outubro de 2009
Meio que...
To, assim, com vontade:
De sorvete de baunilha
De jujubas coloridas
De saltar amarelinha
Na calçada da vizinha
To, assim, to que to
Ficando querendo ir
Um pouco de muito tudo
Um grito, quase mudo
To estória incompleta
Vontade de fazer
Doces bobagens
Felizes traquinagens
Afinal: É primavera !
De sorvete de baunilha
De jujubas coloridas
De saltar amarelinha
Na calçada da vizinha
To, assim, to que to
Ficando querendo ir
Um pouco de muito tudo
Um grito, quase mudo
To estória incompleta
Vontade de fazer
Doces bobagens
Felizes traquinagens
Afinal: É primavera !
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Lugares Mágicos
Dados os devidos telefonemas. Explicado que havia razões para fotografar as ruínas da casa, para eternizá-la numa tela. Encontrada a devida lógica: ”Ela sempre teve jeito para isso” Estava eu de posse da chave da propriedade.
Fazia algum tempo que eu procurava uma casa antiga, mas foi uma música, “Lili Marlene” que me fez lembrar da casa de “Frichien e Fones”, eram esses os nomes que minha memória reconhecia. Tão próximo de casa...
O velho portão gemeu ao meu esforço em abri-lo. Insisti em ir pela entrada antiga. E lá estava o jardim...orquídeas floresciam indiferentes a ação do tempo, e de repente tudo se iluminou...revi as camélias brancas, rústicas rosas e por entre canteiros a menina de cachos dourados desvendando segredos.
E a casa...continuava mágica. A enorme varanda, onde eu sentava num banquinho e sob os severos olhos de Frichien, ensaiava minha estréia no teatro. Minha única inspiração era o enorme biscoito colorido e o copo de framboesa que eu ganharia se me saísse bem no ensaio. “Lili é uma boneca,que fala,que chora,que ri...”
Me vi cantarolando...a porta, caída me permitia a entrada na casa...e as mil recomendações que havia o risco de desmoronar foram rapidamente esquecidas. Percorri, com olhos e mãos os cômodos...isntintivamento me vi com os dedos cruzados com força as costas e ouvi outra vez a recomendação: “Não mexa em nada”. Ah! Que vontade de tocar na bailarina rosa e esguia que ficava na mesinha de centro, sempre incansável na mesma posição...mesmo quando as notas de Wagner enchiam o ambiente e embalavam o Sr..Fones na sua cadeira de balanço e com voz macia me chamava. “Mädchen Marichien”
Não...não poderia pintar aquela casa...ela jamais estará em ruínas. Tudo nela é intenso demais. Feliz demais. O ensaio ainda não acabou.
“Lili é uma boneca, que fala, que chora, que ri...já esta ficando sapeca...”
Fazia algum tempo que eu procurava uma casa antiga, mas foi uma música, “Lili Marlene” que me fez lembrar da casa de “Frichien e Fones”, eram esses os nomes que minha memória reconhecia. Tão próximo de casa...
O velho portão gemeu ao meu esforço em abri-lo. Insisti em ir pela entrada antiga. E lá estava o jardim...orquídeas floresciam indiferentes a ação do tempo, e de repente tudo se iluminou...revi as camélias brancas, rústicas rosas e por entre canteiros a menina de cachos dourados desvendando segredos.
E a casa...continuava mágica. A enorme varanda, onde eu sentava num banquinho e sob os severos olhos de Frichien, ensaiava minha estréia no teatro. Minha única inspiração era o enorme biscoito colorido e o copo de framboesa que eu ganharia se me saísse bem no ensaio. “Lili é uma boneca,que fala,que chora,que ri...”
Me vi cantarolando...a porta, caída me permitia a entrada na casa...e as mil recomendações que havia o risco de desmoronar foram rapidamente esquecidas. Percorri, com olhos e mãos os cômodos...isntintivamento me vi com os dedos cruzados com força as costas e ouvi outra vez a recomendação: “Não mexa em nada”. Ah! Que vontade de tocar na bailarina rosa e esguia que ficava na mesinha de centro, sempre incansável na mesma posição...mesmo quando as notas de Wagner enchiam o ambiente e embalavam o Sr..Fones na sua cadeira de balanço e com voz macia me chamava. “Mädchen Marichien”
Não...não poderia pintar aquela casa...ela jamais estará em ruínas. Tudo nela é intenso demais. Feliz demais. O ensaio ainda não acabou.
“Lili é uma boneca, que fala, que chora, que ri...já esta ficando sapeca...”
sábado, 3 de outubro de 2009
Guerras...
Guerrilheiras...
Guardam as armas, sentam na grama
E respiram paz...
Aquietam a mente, sentem perfumes
E amam nas manhãs
Guerrilheiras...
Retocam a maquiagem, brincos de strass
Cheiro de fêmea, submissa.
Permitem-se
Na força frágil que repousa
Sempre em alerta.
Portanto... me deixe quieta
Não desperte as defesas,
Não me faça lutar
É sempre doloroso vencer
É sempre frustrante perder.
Guardam as armas, sentam na grama
E respiram paz...
Aquietam a mente, sentem perfumes
E amam nas manhãs
Guerrilheiras...
Retocam a maquiagem, brincos de strass
Cheiro de fêmea, submissa.
Permitem-se
Na força frágil que repousa
Sempre em alerta.
Portanto... me deixe quieta
Não desperte as defesas,
Não me faça lutar
É sempre doloroso vencer
É sempre frustrante perder.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Perspectivas...
Sexta-feira.
Véspera de fim de semana.
Pé frio.
Vento sul.
Gatos no muro.
Apenas um dia.
Antes de outros dias.
Solidão.
Mitridatismo.
Dúvidas.
Véspera de fim de semana.
Pé frio.
Vento sul.
Gatos no muro.
Apenas um dia.
Antes de outros dias.
Solidão.
Mitridatismo.
Dúvidas.
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